sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Chapeuzinho Vermelho Releitura


Como sempre, a história é contada pelos vencedores ou pelos poderosos. Quem me lê agora deve estar se perguntando quem sou eu e por que estou fazendo essa afirmação. Pois bem – e para que a verdade seja restabelecida – satisfarei a curiosidade.
            Para início de conversa, todos passaram a me chamar de Lobo Mau (não sei por quê!) por conta daquela intrigante da Chapeuzinho Vermelho e, até hoje, isso me irrita muito.
            Eu era apenas um lobo, até conhecer a avó daquela mentirosa.  Tornam-nos amigos e eu sempre ajudava a velhinha na floresta, levava-lhe até galinha para a sua sopa (eis outra mentira que espalharam a meu respeito: que eu devoro galinhas).
            Certo dia, fazendo minha costumeira caminhada, deparei-me com a vovozinha, muito aflita, pedindo minha ajuda. Disse-me que a chata de sua neta viria visitá-la e que ela não estava gostando nada disso, pois tratava-se de uma viciada, além de namorar às escondidas um caçador, só para afrontar a família. Minha amiga não sabia o que fazer.
            Ora, eu tinha que ajudar. Sugerir então que ela ficasse escondida no guarda-roupa e que eu assumisse o seu lugar. E assim fizemos.
            Quando a desmiolada chegou foi logo me pedindo dinheiro, pois tinha que pagar a um caçador – mentira, pois tratava-se, eu sabia, de seu namorado, um traficante muito conhecido na floresta – que, dizia ela, tinha feito sua segurança para que não fosse atacada pelo Lobo Mau – olha só! Disse-lhe então que não tinha dinheiro, quando começou com uma série de perguntas idiotas.
            Aliás, diga-se de passagem, a única parte verdadeira na fofoca que foi espalhada é que ela realmente perguntou-me: “Para que esses olhos tão grandes, vovó”? e eu, para brincar, disse: “São para te enxergar melhor”; depois continuou com todas aquelas perguntas bestas e eu, calmamente, respondendo até que veio aquela clássica: “E para que essa boca tão grande, vovozinha”? Quando eu abri a boca para responder – juro como seria: “É para te beijar minha netinha” – apareceu aquele brutamontes, aquele traficante tarado, aquele nojento do namorado com uma espingarda na mão e começou a atirar.
            Ainda bem que sou (todos sabem disso) muito rápido e esperto. Pulei da cama e fugi pela janela, mas ainda deu tempo de ver que um dos tiros atingiu o guarda-roupa e feriu a velhinha, coitada. Quando eles se foram minha amiga me procurou novamente com o intuito de me alertar: disse-me que foi ameaçada de morte – imaginem, ameaçada pela própria neta! – caso não confirmasse a versão deles (a que foi contada). Foi por isso que a velhinha nunca desmentiu a ignomínia que eles espalharam, que todos sabem, pois a história é contada a criancinhas inocentes – aposto que contaram a ti também.
            Saibam todos que, até hoje, fico muito chateado com aquela palhaçada que inventaram a meu respeito e que, somente agora, tenho a oportunidade de contar a realidade dos fatos e, enfim, que a verdade prevaleça.

3 comentários:

Nayara Gonçalves disse...

Blog muito legal... ;)
parabéns.!!!

Anônimo disse...

Muito bom, as pessoas só pensam nos "bonzinhos" e não se preocupam em saber o outro lado da história! Vamos revelar a verdade!! :)

Continuem assim!
Ana e Iza

Luciane Lira disse...

Parabéns pela seriedade e compromisso com o resultado final.Gostei muito das releituras, principalmente!
O blog está muito interessante! O layout está ótimo.
Sucesso na vida profissional de vocês.

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